domingo, 10 de maio de 2015

[Off topic] – A militância negra e feminista e seus exageros


 






Ok, aqui vos fala uma representante mulher cis, bissexual e negra. Não me considero uma militante assídua, mas manifesto meu ativismo do meu jeito, atualizando meus blogs sobre bissexualidade e mundo LGBT em geral.   
Quero falar um pouco sobre os exageros, abusos e muitas vezes injustiças cometidas pelo movimento negro-feminista e feminista em geral. Está havendo um equivoco e uma generalização radical e autoritária quanto ao que é racismo, sobre quem deve fazer parte dos movimentos ou não e atingem pessoas realmente bem intencionadas.  Em março deste ano houve um episodio na USP por parte da frente negra. Um determinado grupo interrompeu uma aula para falar sobre o racismo e aí se iniciou uma discussão, pois algumas pessoas discordavam apenas da FORMA como aquelas pessoas entraram na sala e houve troca de xingamentos. O movimento negro não tolera brancos que queiram usar acessórios próprios da cultura negra por alegar que os mesmo estão se apropriando da cultura de maneira equivocada e conveniente, trocando em miúdos, usam por usar e pouco se importam com a contribuição do negro para a cultura do país, majoritariamente constituído por negros, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.   Bem, eu vejo  a situação sob dois ângulos: o tipo de branco que quer aparecer as custas dos negros, mas vejo os brancos que verdadeiramente apoiam  e incentivam o movimento negro. Temos que tomar cuidado para não generalizar e ferir quem realmente quer ajudar e não atrapalhar.  Primeiro que não é possível que TODOS os brancos sejam potencialmente racistas, e os que por ventura tiverem alguma atitude racista, que tentem desconstrui-la, se tiverem boa vontade. Aqueles que não se importam – a esses deem as costas,- pois não merecem a sua atenção, nem mesmo a tua ira!!  É como um homem cis hetero que não se preocupa em mudar suas atitudes machistas e não trabalha em conjunto e a favor da mulher.  Em tempo, no movimento feminista radical,- vulgarmente chamado de “radfem”, “feminazis” – também ocorrem abusos. As participantes do movimento ABOMINAM TERMINANTEMENTE qualquer participação ativa dos homens. Existe uma coisa chamada apoio ao movimento e protagonismo no movimento.  O protagonismo realmente compete a quem luta por ter seus direitos reconhecidos, mas isso não descarta a possibilidade de ter o apoio das pessoas que realmente querem desconstruir seus preconceitos. Não podemos continuar sendo agressivas com essas pessoas, embora eu como mulher e negra realmente entenda a necessidade desses extremos, mas confesso que me senti mal ao ouvir a menina dizer que “a USP é faculdade de branco, que só estamos lá pra limar o chão deles e servi-los” eu me recuso a me enxergar desta forma, até porque no cursinho que faço há negros e tenho amigos que estudam lá e passaram sem cotas. Mas é  uma forma meio brutal de se defender de uma opressão sofrida no passado, provocada pelo receio de sofrê-la novamente.  Funciona assim: “antes que me agrida, eu já tô devolvendo! E aqui tu não entra, se for para bagunçar meu espaço!”  é como uma lei de sobrevivência.  Vou até deixar o link de um vídeo do canal das bee que explica bem essa auto-defesa das feministas.  https://www.youtube.com/watch?v=HJQO5tNWn6c



 

 
Sabemos dos malefícios do racismo e como ele se instala nas mentes humanas, e pessoas com total falta de conhecimento ainda querem reduzir negros a pessoas selvagens, ignorantes e frequentemente nos comparam a animais, principalmente ao chamar negros de macacos, o que considero uma agressão gratuita e esta sim é altamente racista.  Por esse motivo eu sou contra certos métodos de tentativas de impor uma conversa de forma invasiva sobre racismo, pois certas atitudes acabam por reforçar esses estereótipos negativos.   Não é falando alto, chamando a todos de racista, mandando calar a boca no momento errado que vamos combater de vez o racismo e sim propagá-lo mais ainda, dando motivos e munição para que o opressor justifique seu racismo.  Há outras formas saudáveis de promover essas conversas e continuar com a luta das quais eu sou a favor, o que não concordo é com os métodos.  Também não sou contra as cotas  para quem sente necessidade em se utilizar delas, mas também  não recrimino negros que passaram em universidades federais sem elas.  E voltando ao feminismo,  acho que os homens tem direito de apoiar e incentivar o movimento pró feminino e existem homens que se consideram feministas, só não precisam protagoniza-la por ser um espaço próprio  de destaque das mulheres. Concordo que os homens  realmente têm mais privilégios que nós, algo criado pela cultura e pela sociedade,  mas aceito aqueles que estejam dispostos a desconstruir seu machismo e tenham algo de positivo a nos acrescentar, reconhecendo nosso valor.  Quero lembrar também que feminismo luta para termos direitos IGUAIS entre os gêneros, para que as mulheres possam ocupar os mesmos postos que os homens e ter salários na mesma proporção que eles, ter direitos básicos à proteção de sua saúde e não precisar ser presas a certas condutas que a sociedade impõe,  e não pela superioridade como prega o  FEMISMO, e muitas confundem os dois termos!  E ainda sobre o movimento negro, eu não vejo problema algum em ver brancos ouvindo black music ou usando dread e rastafári,  seguindo religiões afro-brasileiras, desde que estes não sejam hipócritas a ponto de se dizer adeptos da cultura negra, mas difamar e desmoralizá-los por trás, isso sim é errado!  Em suma: pessoas da militância, aprendam a separar as coisas para não fazerem acusações e generalizações injustas e distorcer e descaracterizar o movimento pela intransigência.  O mesmo vale para o feminismo.

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