
Ok, aqui vos fala uma representante mulher cis, bissexual e
negra. Não me considero uma militante assídua, mas manifesto meu ativismo do
meu jeito, atualizando meus blogs sobre bissexualidade e mundo LGBT em geral.
Quero falar um pouco sobre os exageros, abusos e muitas vezes injustiças
cometidas pelo movimento negro-feminista e feminista em geral. Está havendo um
equivoco e uma generalização radical e autoritária quanto ao que é racismo,
sobre quem deve fazer parte dos movimentos ou não e atingem pessoas realmente bem
intencionadas. Em março deste ano houve
um episodio na USP por parte da frente negra. Um determinado grupo interrompeu
uma aula para falar sobre o racismo e aí se iniciou uma discussão, pois algumas
pessoas discordavam apenas da FORMA como aquelas pessoas entraram na sala e
houve troca de xingamentos. O movimento negro não tolera brancos que queiram
usar acessórios próprios da cultura negra por alegar que os mesmo estão se
apropriando da cultura de maneira equivocada e conveniente, trocando em miúdos,
usam por usar e pouco se importam com a contribuição do negro para a cultura do
país, majoritariamente constituído por negros, principalmente nas regiões Norte
e Nordeste. Bem, eu vejo a situação sob dois ângulos: o tipo de branco
que quer aparecer as custas dos negros, mas vejo os brancos que verdadeiramente
apoiam e incentivam o movimento negro. Temos
que tomar cuidado para não generalizar e ferir quem realmente quer ajudar e não
atrapalhar. Primeiro que não é possível que
TODOS os brancos sejam potencialmente racistas, e os que por ventura tiverem
alguma atitude racista, que tentem desconstrui-la, se tiverem boa vontade. Aqueles
que não se importam – a esses deem as costas,- pois não merecem a sua atenção,
nem mesmo a tua ira!! É como um homem
cis hetero que não se preocupa em mudar suas atitudes machistas e não trabalha
em conjunto e a favor da mulher. Em tempo,
no movimento feminista radical,- vulgarmente chamado de “radfem”, “feminazis” –
também ocorrem abusos. As participantes do movimento ABOMINAM TERMINANTEMENTE qualquer
participação ativa dos homens. Existe uma coisa chamada apoio ao
movimento e protagonismo no movimento. O protagonismo realmente compete a quem luta
por ter seus direitos reconhecidos, mas isso não descarta a possibilidade de
ter o apoio das pessoas que realmente querem desconstruir seus preconceitos. Não
podemos continuar sendo agressivas com essas pessoas, embora eu como mulher e
negra realmente entenda a necessidade desses extremos, mas confesso que me senti
mal ao ouvir a menina dizer que “a USP é faculdade de branco, que só estamos lá
pra limar o chão deles e servi-los” eu me recuso a me enxergar desta forma, até
porque no cursinho que faço há negros e tenho amigos que estudam lá e passaram
sem cotas. Mas é uma forma meio brutal
de se defender de uma opressão sofrida no passado, provocada pelo receio de sofrê-la
novamente. Funciona assim: “antes que me
agrida, eu já tô devolvendo! E aqui tu não entra, se for para bagunçar meu
espaço!” é como uma lei de sobrevivência.
Vou até deixar o link de um vídeo do
canal das bee que explica bem essa auto-defesa das feministas. https://www.youtube.com/watch?v=HJQO5tNWn6c

Sabemos dos malefícios do racismo e como ele se instala nas
mentes humanas, e pessoas com total falta de conhecimento ainda querem reduzir
negros a pessoas selvagens, ignorantes e frequentemente nos comparam a animais,
principalmente ao chamar negros de macacos, o que considero uma agressão
gratuita e esta sim é altamente racista. Por esse motivo eu sou contra certos métodos de
tentativas de impor uma conversa de forma invasiva sobre racismo, pois certas
atitudes acabam por reforçar esses estereótipos negativos. Não é falando alto, chamando a todos de
racista, mandando calar a boca no momento errado que vamos combater de
vez o racismo e sim propagá-lo mais ainda, dando motivos e munição para que o opressor
justifique seu racismo. Há outras formas
saudáveis de promover essas conversas e continuar com a luta das quais eu sou a
favor, o que não concordo é com os métodos. Também não sou contra as cotas para quem sente necessidade em se utilizar
delas, mas também não recrimino negros
que passaram em universidades federais sem elas. E voltando ao feminismo, acho que os homens tem direito de apoiar e
incentivar o movimento pró feminino e existem homens que se consideram
feministas, só não precisam protagoniza-la por ser um espaço próprio de destaque das mulheres. Concordo que os homens
realmente têm mais privilégios que nós,
algo criado pela cultura e pela sociedade, mas aceito aqueles que estejam dispostos a
desconstruir seu machismo e tenham algo de positivo a nos acrescentar, reconhecendo
nosso valor. Quero lembrar também que
feminismo luta para termos direitos IGUAIS entre os gêneros, para que as
mulheres possam ocupar os mesmos postos que os homens e ter salários na mesma
proporção que eles, ter direitos básicos à proteção de sua saúde e não precisar
ser presas a certas condutas que a sociedade impõe, e não pela superioridade como prega o FEMISMO, e muitas confundem os dois termos! E ainda sobre o movimento negro, eu não vejo
problema algum em ver brancos ouvindo black music ou usando dread e rastafári, seguindo religiões afro-brasileiras, desde que
estes não sejam hipócritas a ponto de se dizer adeptos da cultura negra, mas
difamar e desmoralizá-los por trás, isso sim é errado! Em suma: pessoas da militância, aprendam a
separar as coisas para não fazerem acusações e generalizações injustas e distorcer
e descaracterizar o movimento pela intransigência. O mesmo vale para o feminismo.
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